Me apaixonei pelo meu nome. Gostei quando alguém o escreveu ao lado do teu. Com aquelas letras bem feitas e arredondadas, feito convite de casamento. Eu te vi, meu bem. Te tive. Tu veio. Encostei a cabeça no teu peito e fiquei assim eternamente quarenta e cinco minutos intercalados com um vento que arrastava nosso perfume. Ternamente. Ora, ora. Que mania boba a minha de reconstruir palavras em novas frases com intuito de fazer da gente duas estátuas quando eu coloco a cabeça no teu peito e tu o nariz en mi pelo.
Mas foi embora. De novo. Again, again. Again. Como sempre faz. Como esse filme que nunca desenrola pra chegar ao fim e mais parece uma novela mexicana. Vem pra me dar uma prévia de nós dois, como se eu fosse a sinopse e tu o último capítulo. Como se eu fosse o chá de laranja da Argentina com gosto de tang velho. Ou de limão com gosto de bomba de chimarrão enferrujada. Aliás, como podem alguns chás da Argentina ser tão bons e outros tão ruins? Dá pra comparar com a gente. Tudo se compara com a gente. As vezes tão bonzinho um com o outro e na maioria delas tão cruel. Cruel por quê? Se a gente se... Enfim. Eis que o fato da gente só se ver no outono e na primavera não é motivo pra sermos tão indefinidos quanto as estações.
Ne me quitte pas - confessei. Deve ser a posição os astros. Porque pra ser mais instável do que nós, só eles. Apesar de tudo, do convite de casamento, do filme, do chá, da Argentina ou das estações, tu é meu Astro Rei. E eu te espero sempre, como se eu fosse o inverno, esperando que o Sol apareça até o fim do dia, pra ver ele se por ou ficar até o verão.
17 outubro 2011