Hoje quase liguei. Estava discando o teu número quando parei e pensei que tu poderia não ter mais o meu e eu não estaria adapta para responder um quem tá falando.
Eu tenho telefone e email e ainda te vejo aparecer no similar to you do meu twitter pra me lembrar o quando somos parecidos tanto no signo da terra quanto no jeito de olhar ou de caminhar ou da maneira de falar rápido e sem vírgula.
Hoje eu nem ouvi se alguém falou de ti. Fiquei meio desorientada nesses últimos dias que tu foi embora. Choveu e eu chorei pra me enganar dizendo que o gosto da chuva é melhor que o da lágrima. Por que faz falta, sabe? Faz falta receber bom dia e boa noite e essas coisas que a gente não percebe que são importantes. E é clichê dizer que ficou um buraco em mim e que eu também fiquei mais pesada por não sentir tua barba naturalmente sexy no meu pescoço e teu perfume artificialmente sexy no meu cabelo. Dói. Merda. Dói. E quem disse que a tristeza é confortável, não sabe do revesamento que a gente faz pra pedir desculpa ou das voltas nulas que damos até chegar de novo no ponto de partida. Nem do quanto a gente pensou em dizer eu te amo e nunca conseguiu por medo de que o outro saísse correndo, sendo que, na verdade, a gente só queria ficar ali mesmo, com os pés grudados no chão.
Ontem foi o dia de tu ir embora daqui. Fiquei olhando o farol dobrando a esquina sem se quer dobrar a alma porque eu nunca dou trégua e quando a última palavra não for minha, é porque eu ouvi você dizer adeus sem coragem pra pedir que fique. O modo que eu fico muda nunca te impediu de me dar as costas. E você sem coragem de segurar meus 1,74 m que tinha em mãos, dobrou a esquina. Me deixou com o corpo semelhante a um boneco inflável.
Mas, hoje o dia já acabou.
Amanhã penso no que fazer.
Mas, hoje o dia já acabou.
Amanhã penso no que fazer.
13 outubro 2011