carnaval sem você vai me fazer organizar até as letras do alfabeto.
"deveria eu, rezar ou não (?)"
não sabia. olhar pro céu e agradecer as sete vezes que eu te vi; orar por poder respirar andar chorar falar e outros verbos produzidos pelo cérebro; dizer a Deus que eu tô muito feliz do lado dele, e que sinto nojo da minha covardia de sentir vergonha; contar pra Deus que ele não tem nojo de mim nem da minha cara emburrada; e pedir ajuda, porque o amor doeu muito da última vez, e doeu perto e longe por longo tempo; o nosso amor não dói nada. não tem hora. nem data. não tem nada. não tem teto. muito menos chão. que a gente continue flutuando, então.
amém. 30 janeiro 2012

vou ver o mar amanhã, G.
"queria poder descrever aquele sexo da forma mais apaixonante de todas. como se ele tivesse acontecido há dois anos e não fosse apenas sexo. mas não teve romantismo algum. eu não vejo mais romantismo na gente. sexo então. só isso, pra conservar a alma com saúde"
18 janeiro 2012
colocar as letras em forma de palavras.
a cabeça. os dedos. a tinta azul marinho.
colocar os olhos no ofício branco-pálido do papel cada vez mais limpo. santo deus. o que eu me tornei. um poço de lembranças ocas que admira qualquer pouca pessoa que passa pela minha frente. sensação podre de 'qualquer um é melhor que eu'.
(dei tanto espaço pra refletir sobre o nada, que acabei perdendo tudo dentro de mim. e eu não encontro mais.
e quer saber?, nem procuro.)
vou arrumar as malas.
Eu tento me erguer às próprias custas
E caio sempre nos seus braços

Eu jurei por Deus não morrer por amor

A gente passou a tarde ouvindo o vento rugir lá fora como se fosse um dia de inverno no verão. Não tinha nem sol. Eu fechei você dentro de casa pra não correr o risco de que teus raios fossem pra fora. Você é meu sol. Lembra? Só pode iluminar a mim. Te tranquei para caso de você sentir vontade de ir embora, ter que me pedir aonde guardo as chaves.
E bom, você esquentou meus pés enquanto eu comparava o quanto a gente já tá velho porque a novela das seis tá repetindo a trilha sonora de outras duas novelas passadas. E a gente já viu as três. Melhor, tá na terceira. E eu continuo adorando quando você me chama do sono pra dizer 'acorda, é a hora do beijo'.
Você não pediu sexo. Nem mesmo pediu cafuné. Não pediu nada que eu pudesse recusar -mesmo que isso fosse impossível-. Só pediu pra destrancar as portas e ficar ali pra sempre. Como não tenho coragem de te deixar só nem por um instante, te levo junto pra cumprir a tarefa já que você quase reclama de dor nas costas. É tão educado que diz isso pedindo o violão porque sentiu vontade de tocar pra mim. E sabe que eu sei que era dor nas costas. Afinal eu também sentia. Mas eu poderia dormir a vida inteira com o joelho encostado na cara se fosse preciso. Só pra ficar ao seu lado.
Aí você toca whatever enquanto eu tenho orgasmos múltiplos com a sua atuação e sinto vontade de te beijar as costas, os dedos, os olhos. Nada no mundo pode ser mais lindo que você. Até eu fico bonita do seu lado. Acho que é isso mesmo que o sol faz. Radia.
Então você pediu onde estava o aparelho de pôr na tomada com veneno pra mosquito. Contou 5 cravos e misturou numa poção de erva doce e canela. Nosso incenso. Gostava também de quando você colocava camomila e dizia que eu já podia acalmar os nervos porque tinha um punhado de mini-margaridas pra assar na tomada.
Lá no fundo do meu eu, eu já sabia que você não queria voltar pra -sua- casa. Então eu ofereço um café e espero que a cheleira comece a chiar pra pôr a água na minha xícara. Eu prefiro morno, você gosta mais de quente. E eu viro as costas por um segundo pra pegar o pote de açúcar enquanto você espera a água esquentar mais um pouco. E é só estar de volta pra encontrar a chaleira fervendo e jogando toda a água do seu café na parede que sofre uma chuva liquefeita. A sua xícara não saiu de cima da mesa. Nada mais poderia me doer os olhos do que eu ali parada com o café frio e você com a xícara vazia.
Eu queria que você pudesse ler esse texto sabendo que eu escrevi da mesma forma que escreve. Porque eu olho pro nada e lembro você. Mordo a caneta, lembro você. Olho pro papel. Lembro você. Só faltou a parte que você coloca o dedo indicador sobre o nariz pra empurrar óculos e franze a testa e esquece o que escreveu e aproxima o rosto do papel quando não consegue enxergar direito por causa da miopia.
Eu não posso dar ênfase num 'você foi embora'. Você nem se quer esteve aqui. Dentre tantos meus namorados imaginários, você foi o mais fiel.
E meu preferido.
apesar das vezes que eu completei minha poesia com frases de ódio, das vezes que fiz de minha ironia uma prevalência de cápsula protetora e das vezes que eu tentei agredir quem se quer estivesse do meu lado, usando minhas costas como refugo áspero,
foi o peso da armadura me fez perceber que é tudo isso me faz sentir vazia; esse impulso que me trás sarcasmo, esse medo que me esconde o rosto.
e de la dentro - do oco ao pensamento - me vem a vontade de dizer:

"olha, essa cápsula é bola de salão. estoura."

14 novembro 2011
engraçado que sempre que alguém pede se pode me atar, eu coloco o dedo no meio do nó - evitando laço - só pra não precisar cortá-lo.
digo que é pra evitar tristeza, o que na verdade, é pra evitar que o nó a enforque.

parece mais tradicional, e porque não, conveniente. deitar numa cama de pregos sem força não dói nada.

03 novembro 2011
- É muito amor.
- Pra dar. Porque pra receber, tudo a fiado.

29 outubro 2011

Vida longa ao Astro Rei

Me apaixonei pelo meu nome. Gostei quando alguém o escreveu ao lado do teu. Com aquelas letras bem feitas e arredondadas, feito convite de casamento. Eu te vi, meu bem. Te tive. Tu veio. Encostei a cabeça no teu peito e fiquei assim eternamente quarenta e cinco minutos intercalados com um vento que arrastava nosso perfume. Ternamente. Ora, ora. Que mania boba a minha de reconstruir palavras em novas frases com intuito de fazer da gente duas estátuas quando eu coloco a cabeça no teu peito e tu o nariz en mi pelo.
Mas foi embora. De novo. Again, again. Again. Como sempre faz. Como esse filme que nunca desenrola pra chegar ao fim e mais parece uma novela mexicana. Vem pra me dar uma prévia de nós dois, como se eu fosse a sinopse e tu o último capítulo. Como se eu fosse o chá de laranja da Argentina com gosto de tang velho. Ou de limão com gosto de bomba de chimarrão enferrujada. Aliás, como podem alguns chás da Argentina ser tão bons e outros tão ruins? Dá pra comparar com a gente. Tudo se compara com a gente. As vezes tão bonzinho um com o outro e na maioria delas tão cruel. Cruel por quê? Se a gente se... Enfim. Eis que o fato da gente só se ver no outono e na primavera não é motivo pra sermos tão indefinidos quanto as estações.
Ne me quitte pas - confessei. Deve ser a posição os astros. Porque pra ser mais instável do que nós, só eles. Apesar de tudo, do convite de casamento, do filme, do chá, da Argentina ou das estações, tu é meu Astro Rei. E eu te espero sempre, como se eu fosse o inverno, esperando que o Sol apareça até o fim do dia, pra ver ele se por ou ficar até o verão.
17 outubro 2011
não me responsabilizo mais pelo não senti(do) das frases

Há junhos

Hoje quase liguei. Estava discando o teu número quando parei e pensei que tu poderia não ter mais o meu e eu não estaria adapta para responder um quem tá falando.
Eu tenho telefone e email e ainda te vejo aparecer no similar to you do meu twitter pra me lembrar o quando somos parecidos tanto no signo da terra quanto no jeito de olhar ou de caminhar ou da maneira de falar rápido e sem vírgula.
Hoje eu nem ouvi se alguém falou de ti. Fiquei meio desorientada nesses últimos dias que tu foi embora. Choveu e eu chorei pra me enganar dizendo que o gosto da chuva é melhor que o da lágrima. Por que faz falta, sabe? Faz falta receber bom dia e boa noite e essas coisas que a gente não percebe que são importantes. E é clichê dizer que ficou um buraco em mim e que eu também fiquei mais pesada por não sentir tua barba naturalmente sexy no meu pescoço e teu perfume artificialmente sexy no meu cabelo. Dói. Merda. Dói. E quem disse que a tristeza é confortável, não sabe do revesamento que a gente faz pra pedir desculpa ou das voltas nulas que damos até chegar de novo no ponto de partida. Nem do quanto a gente pensou em dizer eu te amo e nunca conseguiu por medo de que o outro saísse correndo, sendo que, na verdade, a gente só queria ficar ali mesmo, com os pés grudados no chão.
Ontem foi o dia de tu ir embora daqui. Fiquei olhando o farol dobrando a esquina sem se quer dobrar a alma porque eu nunca dou trégua e quando a última palavra não for minha, é porque eu ouvi você dizer adeus sem coragem pra pedir que fique. O modo que eu fico muda nunca te impediu de me dar as costas. E você sem coragem de segurar meus 1,74 m que tinha em mãos, dobrou a esquina. Me deixou com o corpo semelhante a um boneco inflável.
Mas, hoje o dia já acabou.
Amanhã penso no que fazer.
13 outubro 2011